Monday, December 20, 2004

Doce

Cada vez que inspiro

É o teu cheiro

Cada vez que toco

É o teu cabelo

Cada vez que vejo

É o teu sorriso

Cada vez que ouço

É o teu suspiro

É este buraco que cresce dentro

É este espaço que fica pintado

De cada vez

Aos poucos ecoam sons

E eu sei que és tu algures

De cada vez

Sinto-me embrenhar

É o teu cheiro...

Este contínuo jogo

De largar e agarrar

Está-me a matar

Sim

Esta mentira de dizer

Adeus

Quando só queria dizer

Até já

Até eu abrir os olhos...

Até lá

Fala ao meu ouvido

Canta-me

Outra canção de embalar

Toca-me

Os lábios de cada vez

Que me sentires estrebuchar

Acalma-me a alma

Enquanto me seguras com a tua calma

Não me deixes

Vem para aqui estar

É o teu cheiro...

De cada vez parece

Toca-me

Parece nunca mais me largar...

Saturday, December 18, 2004

Poço

sento-me aqui a ver-te de fora
sinto-me aqui a morrer agora
faz frio nas minhas mãos e eu sei
jaz algo neste coração com que não contei

aqui de fora é tudo mais fácil
aí entro neste mesmo mundo
e sinto-me aí tão frágil
porque sei ser neste vazio sem fundo
aquele onde me quero perder

apenas para me encontrar
pois que mais razões tenho para fugir
senão a de sonhar
com a alegria que terei ao me reunir

nós somos um sonho
com o qual não estava a contar
e enquanto descubro a diferença
entre este mundo e o outro, tento entrar

sou parado á porta
aparentemente houve um desvio
o passado apareceu e tu perdeste-te

fico aqui então e espero por luvas para as minhas mãos

aqui é bom e sozinho sou quem mais negro é

falas de ti com nomes e predicados
mas nada mais me podes contar
do que aquilo que tens para me mostrar...

pois diz-me que maior razão queres para algo que está a começar
senão a do que o seu fim se está apenas a iniciar...

se apenas vivemos para o fim
porquê tanta obsessão com o inicio

Thursday, December 16, 2004

shimmering...

don't know if i ever been so scarred
i saw my fate a bit too late
and now i know too well
that it makes no difference

i'm trembling before myself
my past self
but i've seen it a bit too late
and it makes all the difference

now i'm in
a bit too strong
and i'm afraid
i won't belong...again

i'm afraid it wont be long...again
i've seen your ashe eyes
i've been throught hell
can i ever prepare for that again

Sunday, December 12, 2004

És tudo o que eu vejo...por força do que é (meuteunosso)

aqui me sento
para escrever
aqui passo a ser
para deixar de ver

de a ver
de olhos abertos
ou fechados
qual será pior...

Não consigo distinguir
a intensidade a que bate a minha paixão
poderá fazer algo mais que me dilacerar?
mas a razão não sabe nada
quando toca a assuntos do coração

Sei que sofro por não te ver á minha frente
fecho os olhos...e sofro por não te ouvir
escondo-me...e sofro por não me procurares
fujo para a tua frente
e sofro mais por me ignorares...

A razão diz não,
é normal, não
não sofras
mas qual razão...

tudo o que leio é belo e tem razão
tudo o que ouço é lindo e tem solução
mas quando toca a escolher
entre ser ou tentar viver

Quando olho para mim
quando quero fugir da minha prisão
quando me sinto asfixiar dentro de mim

só quero estar de fora
só pode ser dos outros
a culpa nunca é nossa
é a nossa razão...

mas e agora...
agora que estou de fora
não te consigo lembrar
não te consigo escutar...

tremia e tremo nervoso
nervoso por estar, por ter fugido
por ansiar voltar aquele outro mundo
onde vejo de fora...e já não consigo sentir.

Ainda tenho de escolher
entre ser
e tentar viver

....e acho que vou preferir ser como sempre

Wednesday, December 08, 2004

espaço

deixa-te ir, apenas estar
sabes que consegues ser, alto aí
mas porque precisas de saber
necessistas de uma certeza tua
esperas por algo que seja perfeito
contentas-te apenas em ver de longe
deixas-te estar, apenas ir
recuas quando queres avançar
tens medo do que as palavras te têm a dizer
por isso as tentas dominar
deixa as razões antigas
já nenhuma estrada vai para lá

e o pior sou eu...que sou tudo isso
e mais qualquer coisa que tu me saberás contar

as memórias recorrentes...os flashs e sensações e partidas
que nos prega a nossa memória.
um coração e um cérebro...
uma dicotomia recorrente bem dentro de nós

Sunday, December 05, 2004

vida falsa

perco-me no mar das palavras, no oceano dos sentidos
escrevo apenas para te fazer acreditar no que quero dizer
e no entanto tu nem imaginas o quanto te estou a enganar
rio apenas para que possas acreditar em todas as mentiras que tenho para te contar
viro para a esquerda e fujo para o mar
vejo um dó e começo a cantar
vamos, meu bem, começar, esta linda história de enganar
o começo é o que eu quiser, aquele que mais te agradar
de hipocrisia vive o mundo, não me posso esquecer de o alimentar
a cada nova peça, renasço e assim passo...
passam tempos e histórias, lagoas de memórias
falsidades tantas vezes contadas que deixaram de ser imaginadas
pois que sabes tu do que eu te digo, senão o que tenho para te dizer
não lês mais que as palavras, por mais que a tua mão toque a minha
por mais que perescrutes os meus olhos e tentes...
porque mais que tentes não vais conseguir.

o meu mundo é o que eu conto.é a minha verdade

Saturday, December 04, 2004

qual é o teu medo de errar...

gosto do disparate, parece-me familiar
acho que em tudo tenho razão para me espantar
nada é normal ou mundano
tudo é bizarro e estranho
o que não faz sentido me parece belo
no caos me apetece encontrar razão

persisto então nesta fuga que me parece tao errática
porque o erro é espontâneo e o erro é fulcral
persisto no erro de nos tentar encontrar
porque neste bosque me quero continuar a perder


cada falha é um pequeno gesto do que cada um é
é aí que nos libertamos do que nos fizeram
que encontramos o retrato do nosso pequeno ser

Thursday, December 02, 2004

Ouvi dizer

sobre a razão estar cega resta-me apenas uma razão
ouvi dizer que o mundo acaba amanhã e eu tinha tantos planos pra depois
mas vê bem, não houve á luz do dia
quem não tenha provado o travo amargo da melancolia...

sente o nervo da manhã vê como vibra para ti
vai ditar o rumo da razão
dá-me a tua mão e vamos ser alguém
a vida é feita para nós
não vejo medo para trás
não vejo estrada para trás
nao vejo portas para trás
são coisas são só coisas
a vida tem um peso para nós e pesa quando estamos sós
mas nem dormindo estamos sós
nós seguimos por alguns sentidos
se eu encontrar uma ilha
paro pra sentir
e dar sentido á viagem
pra ouvir
pra sorrir e entrar
pra voltar a cair
para me levantar
pra crescer para amar
para ser...

eu nasci sem entender a forma certa de viver
até que a vida me ensinou
guardar cá dentro amor não nos faz nada bem
eu só quero dar-te alguém melhor

ao ver meu quarto aberto alguém entrou...
"dá-me paz eu só quero estar bem"
no meu sonho era tudo o que eu queria
...e não foi assim que a razão nos amou

diz se a razão nos chega para viver
se amor nos serve
falo de um amar para dentro
que é virar a dor pra dentro
para quê mentir se eu sei bem que não há ninguém igual
não nos deixei mentir
isso vai fazer-nos tão bem

sentir não é mostrar e dar não é sentir

meu desejo é lutar por um beijo mais puro
sinto-te entrar no meu mundo, fundo
mas o mundo é o mesmo...
...eu calo a minha voz
vê como é bom voltar a dizer
"eu estou bem, quase tão bem"
...eu... estou quase a viver
letras, manuel cruz...mix abizarrado