Saturday, December 18, 2004

Poço

sento-me aqui a ver-te de fora
sinto-me aqui a morrer agora
faz frio nas minhas mãos e eu sei
jaz algo neste coração com que não contei

aqui de fora é tudo mais fácil
aí entro neste mesmo mundo
e sinto-me aí tão frágil
porque sei ser neste vazio sem fundo
aquele onde me quero perder

apenas para me encontrar
pois que mais razões tenho para fugir
senão a de sonhar
com a alegria que terei ao me reunir

nós somos um sonho
com o qual não estava a contar
e enquanto descubro a diferença
entre este mundo e o outro, tento entrar

sou parado á porta
aparentemente houve um desvio
o passado apareceu e tu perdeste-te

fico aqui então e espero por luvas para as minhas mãos

aqui é bom e sozinho sou quem mais negro é

falas de ti com nomes e predicados
mas nada mais me podes contar
do que aquilo que tens para me mostrar...

pois diz-me que maior razão queres para algo que está a começar
senão a do que o seu fim se está apenas a iniciar...

se apenas vivemos para o fim
porquê tanta obsessão com o inicio

1 Comments:

At 6:00 AM, Blogger Bizarro said...

que maior medo senão o do desconhecido...
podes não olhar para trás...mas estás permanentemente a viver o passado
só que o negas...

 

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