Saturday, November 27, 2004

quero estar preso em mim

enquanto sinto o sal a escorrer-me pela cara
sei que te amei
enquanto sinto os olhos a inchar
sei que te amei
enquanto sinto a raiva a crescer
sei que te odiei
enquanto sinto esta vontade de esquecer
sei que te odiei

não consigo parar de chorar
por aquilo que só eu sei
não consigo deixar de pensar
nas imagens que mais ninguém viu
todos os momentos
esses agora são únicos
são os relâmpagos pintados que vivemos
são os relampagos furtados que passamos

já não consigo ver
doem-me os olhos
doem-me todos os musculos da cara
já tenho sede depois de tantas lágrimas sorver
depois de elas terem passado pela minha cara
sem que as minhas mãos tivessem coragem
coragem de lhes tocar

sinto falta de ar
há já uma eternidade e meia
desde que soube que não consigo respirar
sinto-me atolar na minha miséria
mas não tenho forças para sair

Hoje não
Hoje não quero
Hoje não quero sair
Hoje não quero sair de mim

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